Um
estudo chamado "Futuro de Inglaterra", realizado pelas universidades de
Cardiff e Edimburgo e que abrangeu habitantes de Inglaterra, Escócia e
País de Gales, descobriu que os pró-europeus estão dispostos a
sacrificar a União para garantir a permanência na UE.
O
estudo constatou que metade dos entrevistados no País de Gales (47%),
mais de metade na Inglaterra (52%) e quase dois terços na Escócia (61%)
acham que o 'Brexit' levará muito provavelmente à rutura do Reino Unido e
uma grande parte nos dois lados considera que este é um preço a pagar
pela permanência na UE ou por "recuperar o controlo das leis, dinheiro e
fronteiras", como defendem os eurocéticos.
"Conseguir
resolver o 'Brexit' à maneira deles é mais importante para ambos os
lados do debate do que a integridade territorial do país, as pessoas
estão dispostas a desistir das atuais fronteiras", explicou à agência
Lusa Richard Wyn Jones, professor especialista em política e
nacionalismo na universidade galesa e um dos responsáveis pelo estudo.
De
certa forma, acrescentou, este é o resultado do acordo negociado pelo
primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, com Bruxelas em novembro, e
que o Partido Democrata Unionista (DUP) denunciou como uma "traição" à
Irlanda do Norte por deixar o território alinhado com muitas das regras
do mercado único.
"O acordo trata a
Irlanda do Norte de uma forma que altera profundamente a União, porque
fica, na prática na União Europeia", apesar de o partido Conservador ser
oficialmente unionista, refere Jones.
Os
partidos Trabalhista, Conservador e Liberal Democrata são unânimes em
defender a integridade do Reino Unido, que junta a Inglaterra, Escócia,
País de Gales e Irlanda do Norte, mas o Partido Nacionalista Escocês
(SNP), que se opõe ao 'Brexit', quer a independência.
A
líder do SNP, Nicola Sturgeon, já faz depender o seu apoio a um
potencial governo minoritário do trabalhista Jeremy Corbyn de uma
autorização para repetir um novo referendo em 2020, alegando que o
'Brexit' mudou a opinião pública desde a consulta de 2014, quando 55%
dos escoceses votaram contra a independência.
Na
Irlanda do Norte, o Sinn Féin, que também é anti-'Brexit', argumenta
que uma saída britânica da UE deve desencadear um referendo no
território sobre a possível agregação à vizinha República da Irlanda
porque a Irlanda do Norte votou maioritariamente no referendo de 2016
para ficar na UE.
"As pessoas
individualmente podem professar um apego à União, mas o 'Brexit' mostrou
que a maioria no Reino Unido são unionistas ambivalentes, que agora a
consideram dispensável chegar ao seu objetivo no 'Brexit'. Como é
visível, tanto nos eleitores que querem sair como nos que querem
permanecer [na UE], isto confirma a forma como o debate sobre o 'Brexit'
polarizou os eleitores britânicos", resumiu Ailsa Henderson, outra das
responsáveis do estudo e professora de ciência política na Universidade
de Edimburgo.
Noticia e imagem tirada do site Sapo noticias
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