1. As tentativas de suicídio
Na sua biografia, escrita em colaboração com Vítor Pavão dos Santos, a fadista disse: «Desde que existe morte, imediatamente a vida é absurda. Sempre pensei assim».
Desde cedo, Amália sempre foi atormentada com «a ideia da morte» e já na adolescência «andava sempre a querer matar-me». Por diversas vezes, tentou o suicidio. Após um desgosto amoroso, que envolveu Francisco da Cruz, com quem viria a casar e mais tarde divorciar-se, tomou raticida. Em 1984, quando soube que tinha um tumor, rumou a Nova Iorque, «convencida que me ia matar lá», mas uma maratona de filmes de Fred Astaire, no seu quarto de hotel, adiou o “projeto”. Acabaria por se submeter a uma cirurgia para retirar o tumor. «Acabou por acontecer o melhor».
2. Celebridades
Cruzou-se com personalidades como Anthony Quinn, Juliette Gréco, Frank Sinatra, Ava Gardner, com o rei Humberto II de Itália, com Chico Buarque ou Roberto Carlos. E com o escritor Ernest Hemingway.
O encontro não foi marcante para a artista e disse: «Para que é que me serve ter conhecido o Hemingway? Não era amiga dele, não sou prima, nem irmã».
Não era fã de Madonna. «Não tenho idade para a música dela», afirmou perentoriamente em entrevista ao Expresso. «E muito menos para o seu feitio. Fui criada por uma avó que morreria se visse o que a Madonna faz em palco».
3. O Belenenses e o futebol
Era adepta do Belenenses, «para irritar os meus irmãos, que eram do Carcavelinhos».
Mas simpatizava tambem com os encarnados: «Gostei do Benfica, naquela altura formidável».
E foi obrigada a cantar na festa do Sporting. Aconteceu a 1 de julho de 1958: Amália foi convidada a marcar presença na festa de aniversário dos verde-e-brancos. Porém, na ressaca das eleições presidenciais que ditaram a derrota de Humberto Delgado, pediam-lhe para que não comparecesse à mesma, já que isso significaria, uma declaração de apoio ao regime ditatorial.
Amália deu como desculpa estar doente mas, na noite da festa, os agentes da PIDE, obrigaram-na a deslocar-se até Alvalade. «Lembro-me que desci a escada do meu quarto a chorar e a dizer: “Não há direito que se faça isto a uma pessoa”», narrou, anos mais tarde.
4. Amália, adorada pela comunidade gay
Amália Rodrigues nunca discriminou alguém por causa das suas orientações. Pedro Homem de Mello, José Carlos Ary dos Santos e José Manuel Osório eram homossexuais e grandes amigos da artista.
A comunidade gay tinha-a como ícone.
António Variações adorava-a, os Fado Bicha cantam hoje temas que Amália popularizou. Osório, que nos anos 80 descobriu ser seropositivo, teve o seu apoio.
Júlio Coutinho, também conhecido como Lola, travesti, pediu um vestido a Amália, e esta gentilmente cedeu-lho, com um conselho: «Sempre que estiver composto com a personagem Amália, venha à pista atuar e depois vá logo para o camarim. Por favor, não faça sala».
5. Apoio ao PSD
Em 1996, apoiou a candidatura de Cavaco Silva às presidenciais e foi vista a chegar, no carro particular deste, à sede de candidatura. «Nunca na minha vida tive uma atitude política e esta também não é política, mas uma questão de intuição», justificou à altura.
À conversa com Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas, a cantora disse: «Sou monárquica da capa e da coroa».